O desafio de harmonizar o “lado A” e o “lado B” da explosão da multinuvem no Brasil
Hilmar Becker*
O modelo híbrido e multinuvem é uma realidade no Brasil e no mundo. 55% das organizações usuárias de TI estão implementando ativamente redes em multinuvem, com outro terço planejando fazê-lo até o fim de 2024, segundo o IDC. Esse avanço enfatiza a mudança estratégica para uma infraestrutura de TI mais integrada, ágil e responsiva. A tendência é corroborada pelo relatório da Futorium, que revela que 71% dos CIOs e CISOs entrevistados preveem aumentar moderada ou substancialmente seu investimento em multinuvem. Por trás dessas estatísticas estão cinco alavancas que justificam a explosão de nuvem híbrida e multinuvem.
Trata-se do “lado A” deste modelo.
- Expansão das cargas de trabalho de IA: Segundo o IDC, 66% dos entrevistados identificam GenAI e outras cargas de trabalho de IA como os principais casos de uso, observando que a maioria das aplicações empresariais movidas por IA é altamente distribuída, exigindo numerosas interações entre APIs ao longo de ambientes diversos. Além disso, um relatório da F5 menciona que as organizações planejam implementar aplicações de IA em ambientes de nuvem híbrida e multinuvem, com 80% mantendo apps de IA na nuvem pública e 54% nas suas próprias instalações. Essa implementação generalizada necessita de uma abordagem abrangente e segura ao gerenciamento de cargas de trabalho de IA.
- Busca de posturas de segurança consistentes: À medida que aumenta o uso dos ambientes de nuvem híbrida e multinuvem, torna-se essencial adotar medidas de segurança avançadas para proteger dados e aplicações. Essas medidas incluem IAM abrangente, estruturas de segurança Zero Trust e soluções de segurança de APIs mais fortes. Aprimorando suas posturas de segurança por meio de sistemas de segurança mais consistentes, ágeis e abrangentes, que operam em qualquer ambiente, as empresas conseguem proteger-se melhor contra violações e estar em conformidade com exigências regulatórias.
- Maior uso de contêineres e Kubernetes: As empresas estão obtendo benefícios pelo uso de contêineres e Kubernetes. Contêineres oferecem uma maneira eficiente de empacotar e executar aplicações em diferentes ambientes, o que é crucial para estratégias de nuvem híbrida e multinuvem. Kubernetes orquestra esses contêineres, assegurando que eles sejam executados onde e quando devem ser, o que simplifica implementação e escalação ao mesmo tempo em que aumenta a utilização dos recursos.
- Aumento do uso de computação na borda: As empresas estão se beneficiando da implementação de computação na borda em suas arquiteturas de nuvem híbrida e multinuvem. Processando dados mais perto da fonte, as empresas conseguem reduzir a latência, aumentar o desempenho das aplicações e habilitar novos serviços. Isso inclui análises em tempo real, particularmente importantes para setores como manufatura, varejo e saúde, ou qualquer outro que dependa de dispositivos da Internet das Coisas (IoT). Adicionalmente, a borda oferece soberania dos dados para organizações que necessitam de segurança adicional via separação entre redes conectadas à Internet e redes privadas.
- Otimização de custos: Com o crescimento do investimento financeiro em redes multinuvem, as empresas estão buscando otimizar seus gastos e gerenciamento de nuvem. Ferramentas que fornecem visibilidade e controle de múltiplos ambientes de nuvem ajudam as empresas a monitorar melhor o uso e os custos, automatizar a alocação de recursos e colocar em prática políticas de governança. A meta é reforçar os resultados financeiros e a eficiência operacional das empresas.
Falhas afetam os negócios baseados na nuvem
O “lado B” deste modelo, no entanto, é descrito em falhas que, se não forem equacionadas a tempo, podem afetar os negócios que dependem da multinuvem.
Falha 1: Atualizações de políticas de segurança em ambientes distribuídos são lentas, manuais e propensas a erros.
Falha 2: Analisar o desempenho e a segurança da rede distribuída demora uma eternidade, e derruba os negócios.
Falha 3: O time de TI sofre com ausência de controles e pouca visibilidade.
Falha 4: Não se automatiza a descoberta, o estoque e a segurança de APIs.
Falha 5: Os custos com rede multinuvem estão fora de controle.
O impacto dessas falhas é descrito no estudo da F5 State of Application Strategy 2024. Numa resposta de múltipla escolha, os 700 líderes entrevistados – 28 do Brasil – afirmaram que a adoção do modelo multicloud traz problemas de gestão (34%), dificulta a migração de aplicações entre múltiplas nuvens (32%), afeta a otimização da performance (31%) e impede a adoção de políticas de segurança de forma consistente em todas as nuvens (31%).
IA, ML e Análise Comportamental
Para superar a dicotomia entre o “lado A” e o “lado B” do mundo multinuvem, uma resposta possível pode ser a adoção de uma plataforma de proteção de aplicações e APIs que provê uma visão centralizada de todos os ativos digitais deste modelo. Para isso, entram em cena soluções de IA, ML e Análise Comportamental que atuam na escala de milhões de transações por segundo e com a máxima performance, de modo a preservar a UX do consumidor.
Por mais complexo que seja o ambiente híbrido e multinuvem, o gestor opera uma única interface, com a certeza de que atingirá a granularidade que for necessária para analisar cada incidente, cada elemento da nuvem, cada API. Cientistas de dados trabalham 24×7 para adicionar ainda mais valor a esse ambiente crítico. A meta é entregar a países, empresas e pessoas garantias de continuidade dos processos que nascem em múltiplas nuvens.
*Hilmar Becker é Diretor Regional da F5 Brasil.